
TUDO EM HOMENAGEM A MULHER ! Viver não é necessário; o que é necessário é criar. Fernando Pessoa
terça-feira, 21 de outubro de 2008
Venerar

Cristal III

Presença

Presença
O mar e amores, tenho
Ao vê-la congelei e celebrei
Cantarei para loira e ofertaria
Matéria de vida e ousadia
Boca de moça e brisa só ria
Trouxe planta com flor e leveza
Algo ao acaso transmitia
Disperso vagava estranho
Na areia teu corpo reluzia
Regresso meu olhar cobre e estanho
Maleável e dengosa o corpo descia
Sobre o sol na praia vivia
Mas aquilo que dói, a solidão
Colocava-se longe e se extinguia
Essa loira despertava em mim sentimentos
De praia deserta e campina florida
Rio cristalino e o sabor de menina
Uma noite de verão e fadas madrinhas
Olhares em conjunção e uma quente paixão
De liberdade juvenil e uma cama viril
Da boca molhada e minha língua beijada
Do corpo suado ao meu grudado
Essa loira na praia
Me traumatiza
Mas sua ausência
Minha falência
Ulisses Reis®
19/10/08
Janela muda

Janela muda
Janela muda
Daquela que estuda
Revela o amor
Falta sabor
No interior
Menina fina
Era rainha
Preenche em mim
Sonho que ponho
No lugar do fim
Entardeço e peço
Caminho de volta
Errado, não ouço!
Nuvem chorando e solta
É diferente
Na alma da gente
Calam e tristeza
É hora e riqueza
Saudade que mora
Naquela janela
Amarga de outrora
Ela é a mais bela
Menina muda
Na janela que estuda
Ulisses Reis®
20/10/08
Cantora

Cantora
Ela canta, rica feiticeira!
Sendo feliz de vez
Canta faceira de voz cheia
É anônima e assim se fez
Voa no canto como uma ave
No ar flutua sonora ao limiar
O som da tua voz caminha suave
Com tom faz as curvas ao cantar
Teu canto tão belo ao amanhecer
Os homens a ouvem em casa e na lida
E eu poderia se perto estivesse
Pedir a você que cante pra vida
No interior canta a razão
E viaja em profundo pensamento
Mas na essência é só coração
E o que quer do mundo consentimento
Para além de cantar, gritar!
Na garganta enroscada dor
Que feiticeira não pode evitar
Mas nunca desistiu da vida e amor
Ao meu pedido vai se alegrar
E deixe de fora a depressão voar
Pois no teu canto felicidade e harmonia
Vão se revoltar e tudo mais ventania
Ulisses Reis®
20/10/08
Sardas II

Sabiá Laranjeira

Sabiá Laranjeira
O dia principia
E a Sabiá canta alegria
Escuto longo e suave e via
Peito laranja da ave matinal
Mas poucos ouviam, eu e um pardal!
Pardal que pia e senti um animal
Gato caseiro se aproxima e é mau
E esse canto de fêmea seduz
Quando sabe que logo, haverá luz
Acorda-me dizendo, vem e produz
Seu canto para inspiração conduz
E assim Sabiá Laranjeira é musa
Dia-a-dia faz de mim poeta e usa
Encanto sonoro e abusa
Ulisses Reis®
20/10/08
Ser II

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Há diferença

Há diferença
Na menina que sonha
Na mulher que fascina
No objetivo alcançado
No essencial despertado
Na menina que aflora
Na mulher que comemora
De dentro para fora
E do que se quer agora
De brincar de amaço
De brindar quem satisfaço
Na menina dizer
E a mulher fazer
Na valsa da menina
Na mulher pura nitroglicerina
Na menina em transição
Na mulher em celebração
De uma menina ao sol
De uma mulher no lençol
Mas na junção
Pureza e destreza
Menina e mulher
Inseparável sedução
Ulisses Reis®
19/10/08
Perdição

Perdição
Que meus sonhos sejam pêras
Gostosas e argentinas
Jamais jacas ou opacas
Mesmo com pele macia
Cada dia morangos e mel
Meu amor cachaça mineira
Bebida e consumida
Não só em noites frias
Com rosas e mamão
Café e granola
Beijos e perdição
Sempre passional
Depois sim, razão!
Tudo mistura na cama
Sem roupa e pijama
Quero mais quem me ama
Ulisses Reis®
19/10/08
O amor

O amor
Não é um lugar
Não há geografia
Nem em noite fria
Quando a tempestade se fazia
Não é um lugar
Com falta de conforto
Só não deixe mofo
Mesmo que aja alvoroço
Não é um lugar
Nunca foi solitário
Talvez só no armário
Sempre sem horário
Não é um lugar
Mas tem sempre esperança
Com alguém fazer aliança
E guardar lembrança
Ulisses Reis®
19/10/08
Campo

Campo
Olhar obliquo, no campo!
Escorre rio limpo, gato do mato!
Passarinho surdo grita, não gorjeia!
A luz é mais azul, sem nuvens!
Caminhar na terra, cheiro de bambu...
Jabuticaba carambola, amora pitanga!
Galo virgem, capim santo, leite gordo!
Pensamento vagueia, curupira passeia...
Estalar de mamona, cheiro de chuva!
Vontade de terra, moça donzela...
Existe caipira, cachaça na fonte!
Alambique de cobre, gambá afogado!
Falta você bela e faceira
No campo, feiticeira!
Ulisses Reis®
19/10/08
Fera

Fera
No meio da fera
Estava o amante
Certinha a fera
Com amante errante
E assim éramos, abundantes
Meio a meio, rebeldes inteiros
Ela atrevida, não tímida
Em certo momento crocante
E assim éramos exuberantes
Um anjo cintilante
Numa colisão arrepiante
Com encanto e graça vibrante
Essa fera é diamante
E em mim governante
Ulisses Reis®
19/10/08
Febril

Febril
Eu aceito
Menos preconceito
Quero eu no teu leito
Sou homem
Não sou perfeito
Mas sei como ninguém
Deixar satisfeita
Essa mulher feita
A cada toque seda pura
Nos gestos delicados
Desejos encantados
Louco e interminável
Sem harmonia e faminto
Teu corpo insaciável
Quer-me como macho
Nas tuas fantasias
Parece ser menina
Engana-me loba vil
Agarra-me faz servil
Meu corpo preso no teu quadril
E presa fácil, estou no covil!
E assim sucumbi ao seu ardil
Mas contente e viril
Sou febril
Ulisses Reis®
19/10/08
La Mancha

La Mancha
Sonhei com as duas Néias
Não sei quem beijava
Uma boca vermelha
Outra boca rosada
Beijos molhados
Um tom é de Bauru
Guará outro sabor
Uma é atirada
Uma é delicada
As duas são sensação
Sorriso aberto gostoso
Sonhei com duas mulheres
Duas maravilhas vistosas
E seus beijos saborosos
Beijo de paixão proibida
Proibidas essas mulheres
Mas não em sonhos partidas
Dois verbos distintos atribuídas
Beijos de quem precisam
Precisão de uma mexida
Mexer e ter as queridas
Eu sou a divisa
Ulisses Reis®
15/03/2008